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Cadeira 20
Sylvio Torres

Biografia

SYLVIO TORRES, filho de João Torres e Maria Júlia de Oliveira Torres, nasceu em Florianópolis – SC em 04 de março de 1899, (alguns escritos mencionam dia 14). Realizou estudos no Ginásio Anglo – Brasileiro, a partir de 1913, atento ao desejo de sua família para que se matriculasse mais tarde no Faraday House, em Londres, para cursar engenharia eletrônica. O início da Guerra em 1914 alterou a programação e ao término do curso Ginasial (1915), a decisão passou a ser estudar Agronomia em Piracicaba-SP. Em 1916, com a reabertura da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária – ESAMV de Pinheiral – RJ, ocorreu aí a matricula no curso de Agronomia. O contato diário com as atividades de premunição de bovinos importados, conduzidas pelo Prof. Octávio Dupont, acabaram por empolgá-lo, a tal ponto que se transferiu, em 1916, para o curso de Medicina Veterinária e em 1919 colava grau na terceira turma de Médicos Veterinários da ESAMV. Coube-lhe o primeiro lugar da turma e o prêmio de viagem ao exterior, sendo o orador da turma. Seguro da importância da profissão que abraçava, transferiu-se para o Recife-PE como Veterinário da Diretoria de Indústria Pastoril do Ministério da Agricultura. Toda a região nordestina beneficiou-se da intensa atividade do competente pesquisador que em 1922 identificou a coriza gangrenosa dos bovinos e em 1928 elaborou a Vacina glicero-fenicada de Sylvio Torres, dotada de grande poder imunizante contra a raiva dos grandes e pequenos animais domésticos. De 1933 a 1935, foi assistente-chefe do Instituto de Biologia Animal do Rio de Janeiro e chefe da Estação Experimental de Deodoro, quando conduziu estudos esclarecedores sobre a transmissão e disseminação da raiva pelos morcegos hematófagos. De 1936 a 1941, viveu no Recife-PE, sempre dedicando sua atividade na pesquisa e na solução dos problemas de patologia tropical. De 1935 a 1938 com a desapropriação do Engenho São Bento e incorporação da Escola de Agricultura São Bento, Sílvio Torres ingressa na nova Escola com professor de Zootecnia. Em 1936, como chefe da Seção de Veterinária do Instituto Agronômico de Pernambuco, descobriu duas espécies de eimeria em bovinos, E. Ildefonsi e E. brasiliensis. Identificou, ao lado José Wanderley Braga, a parasitose causada em aves por Apolônia tigipioensis. Organizou e instalou a Estação Experimental de Patologia Animal. Em 1941, volta ao Instituto de Biologia Animal do Rio de Janeiro como sub-diretor, onde provou a influência da pulga na transmissão da gastrenterite dos felinos e introduziu valiosas modificações na vacina de Waldmann contra a febre aftosa. Foi presidente da SBMV de 1942 a 1946. Em 1944 foi para o Rio Grande do Sul atuar no planejamento da defesa sanitária animal, implantando em Guaíba o Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor do qual foi diretor até 1951. Nesse mesmo ano voltou para o Rio de Janeiro como diretor do Instituto de Biologia Animal, mantendo-se no cargo até 1953. Cumpriu honrosas missões no exterior tais como: Diretor Geral honorário de Ganaderia da Argentina (1945 a 1948); Vice-Presidente da Conferência Internacional da Febre Aftosa,em Berna (1947); Delegado da Conferência sobre Saúde Animal, promovida pela ONU, em Washington (1947); Chefe da Comissão de Assessoramento do Governo Mexicano na campanha anti-aftosa (1951). Publicou vários trabalhos científicos. Aposentou-se do Ministério da Agricultura em 1955. Uma fase muito expressiva de sua carreira foi iniciada em 1960 como membro do CNPq, função que exerceu por muitos anos e a de membro efetivo e presidente do Conselho Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Sul. Contribuiu decisivamente para a criação da FAPERGS em 1964, onde foi membro do Conselho Superior em 1965, Diretor Cientifico em 1969, reelegendo-se em 1972 e 1975. Como reconhecimento, a FAPERGS instituiu em 2001 a Medalha Sylvio Torres, concedida anualmente a um único pesquisador que, ao longo de sua vida cientifica, tenha contribuído extraordinariamente para o avanço da ciência ou da tecnologia no Rio Grande do Sul. O magistério superior constituiu outra faceta preciosa na sua existência, para aí canalizando toda a sua destinação profissional. Em 1936 foi professor de Higiene e Polícia Sanitária Animal da Faculdade Fluminense de Medicina Veterinária; de 1937 a 1940, professor de Higiene Criação e Alimentação da Escola Superior de Agricultura,, Recife-PE; em 1941, foi professor de Higiene e Polícia Sanitária Animal dos Cursos de Aperfeiçoamento, Especialização e Extensão do Ministério da Agricultura; em 1957, regeu a cadeira de Higiene e Saúde Pública, passando a Titular, por concurso, da Faculdade de Veterinária da UFRGS em 1968. Entre os muitos títulos honoríficos, merece destaque: Professor Honoris Causa da Faculdade Fluminense de Medicina Veterinária (1950), Professor Honoris Causa da Escola Superior de Veterinária da URP (1957); Prêmio Frederico Menezes Veiga, da EMBRAPA (1975); Comenda do Mérito Universitário, da UFSM (1975). Considerado um dos maiores ícones da Medicina Veterinária Brasileira, Sylvio Torres é patrono da cadeira nº 19 da ABRAMVET. Sylvio Torres faleceu em 14 de agosto de 1977